Deixámos o Cabo no dia 20 pela uma da tarde.
Tarde nevoenta, lençol velando esse espectáculo grandioso que é a cidade reclinada sobre o dorso dessa espécie de montanha que se eleva acima do mar.
Não houve novidades? Houve-as sim.
Festejaram-se nesse dia os anos do Hernâni e do Leite. Os 23 anos de dois companheiros. 23 anos que jamais esquecem, passados longe da Família, nas zonas tórridas de uma África inóspita.
Quebraram-se 5 garrafas de champanhe.
Mas o correr do champanhe foi triste.
Pois não era uma festa triste, um engano de almas?
O champanhe correu lânguido e a sua espuma cantava uma elegia.
Que direi eu a essa festa sem luz, sem vida, sem animação? As almas jovens, diz a lenda, quando sofriam costumavam mergulhar esse sofrimento em gotas das uvas do Egeu, que as namoradas tinham esmagado em taças de oiro.
Esse sofrimento, narra a mesma lenda, mitigava-se com aquelas lágrimas e as namoradas adormeciam num regaço trancado a rosas, entre perfumes e canções.
O nosso sofrimento não tem esse adormecer, nem o nosso champanhe foi servido por mãos de namoradas.
Com ele saudámos uns amigos que nasciam, e as suas namoradas ausentes, longe, nos confins da noite.
Festejo triste de almas enamoradas!...
É tão triste, e tão extenuante que soube adormecer quem bebeu esse galeno, servido nas taças pelas mãos másculas de um camarateiro de 2ª classe...
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