Dia 2 de Julho de 1916

Às 2 horas da tarde fundeamos na baía em frente ao Tungue. É o terminus da nossa viagem. Vou deixar o “Portugal” depois de durante 5 semanas vivermos nele.

Poucos momentos depois de lançarmos ferro vimo-nos cercados por um grande número de pangaias tripuladas por pretos que vêm descarregar o navio. Pela pouca profundidade ficámos longe da terra e, assim, temos de nos servir destas embarcações para irmos para o litoral.

Por indivíduos que vieram a bordo soube que estavam  em combate os nossos soldados e que estavam com vantagem. Será assim?

Praza a Deus que todos os nossos desejos se cumpram e que Portugal, herói antigo, gigante dos mares, possa de novo desfraldar vitoriosa a sua bandeira.

Vai começar a vida atribulada da campanha.

Vai começar o nosso esforço em pró da Pátria, em favor de Portugal.

Breve eu verei partir, diminuir, esfumar-se e desaparecer o barco que me trouxe. Vai em direcção a Portugal. Ele leva as minhas saudações à Pátria, à Família e à namorada muito querida. Ele leva os meus pensamentos para as almas elevadas que pensam no soldado perdido nas terras africanas.

Pátria, minha Pátria, que, ao menos, não sejas ingrata!

 

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