Dia 23 de Junho de 1916

Ó fogueiras, ó cantigas,

Saudades, recordações,

Cantai, e cantai raparigas,

Batei, batei corações!

 

É assim a quadra de Auto?

Véspera de S. João a bordo...

Que palavras, que linhas traduzem a saudade dessas festas da nossa terra?

Que frase traduzirá a saudade das fogueiras, da bilha de água colhida à meia-noite, das cantigas ao orvalho, do ovo partido na água?

Noite de S. João no mar!...

Para que estão a brilhar no céu as estrelas e a lua vem iluminar o tombadilho do meu navio?

Noite de S. João da minha terra!

Onde estão esses ranchos de raparigas, bailado de elfas, que pela noite me vinham acordar para ir a correr pelas ruas e bailar também?

Onde estais, olhos da minha amada?

Uma da madrugada.

Adivinho as cantigas dessas ruas, as guitarradas, as labaredas dessas achas desfazendo-se nas brasas.

Para que brilhais no céu, estrelas, se um vapor isolado do mundo corre veloz para a morte?...

Noite de S. João! Ó noites da minha infância, vinde embalar-me com as vossas recordações!

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