Introdução

Numas férias em Trás-os-Montes andava eu a rebuscar algumas gavetas onde, quando mais novo, não me era permitido tocar.
Por entre algumas fotos antigas, jornais amarelecidos e outra quinquilharia descobri um bloco de notas com um título curioso: "Coisas que a viagem faz escrever". Reconheci de imediato a letra bem característica (e por vezes ilegível) do meu avô.
Levado pela curiosidade comecei a tentar decifrar aquela escrita, em alguns pontos desbotada, e foi com surpresa que vi que era o diário da viagem que o meu avô fez por barco até Moçambique em 1916, quando integrou o Corpo Expedicionário Português que foi defender Moçambique dos ataques alemães durante a I Guerra Mundial! Eu sabia que o meu avô tinha combatido na I Guerra, inclusivamente em França, onde participou na Batalha de La Lys. Nunca tinha imaginado que ele tivesse escrito um diário.
É este diário que me proponho transcrever para este blog, pedindo desde já desculpa, e a compreensão dos leitores, por algumas falhas que eventualmente apareçam no texto as quais se devem, apenas, à dificuldade em interpretar a letra.
Seja esta a minha homenagem a todos os que combateram pela Pátria na I Guerra, em particular ao meu avô.

Notas Biográficas

A.J.F. nasceu em 1893 em Vagos (Aveiro). Teve uma brilhante carreira como Juíz de Direito, chegando a Juíz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça e a Presidente do Tribunal da Relação do Porto, cargo que exercia na altura da sua aposentação em 1963. A sua relação com o Estado Novo nem sempre foi a melhor, tendo sido perseguido pela PIDE. Valeu-lhe, nessa altura, a sólida amizade que o ligava ao então Ministro da Justiça, seu companheiro de quarto e de tertúlias em Coimbra.
Faleceu em Alijó (Douro) em 1971.


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